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margins in fluxus

In the horizon of digital art, the margins between human, machine, and environment become permeable, and algorithms become materialities, sounds, and images that transmute into affective landscapes. Technology reveals itself as a porous surface of contact, reverberation, translation and transcreation. A translator of invisible forces, a modulator of dissident temporalities.


In these landscapes that intertwine the human and the non-human, the organic and the machinic, Artificial Intelligence can be an agent of fluxus. The universe presents itself as an open field of forces in fluxus and transformations, with trajectories that intersect, creating dynamic webs of resonance. A vibratory body extends beyond itself, unfolding in layers of sound, images, and light, opening to multiple temporalities and sensitivities in space-time.


The pavilion proposes a space where the relationship between humans and algorithmic systems can be explored through shared experimentation.


Imagining artificial intelligences that not only calculate, but evoke sensibilities. Thinking of AI not as a programmed destination, but an open path that incorporates wanderings, detours, and unpredictability. Instead of reinforcing dichotomies between nature and technology, the pavilion invites experimentation that shuffles matter and code, with works that not only use AI as a tool but tension it, deprogram, and redirect it, seeking its capacity for fabulation, deviation, vision, and listening, in a gesture that makes possible the inaudible, the unthought, and what is yet to be drawn.


In this pavilion, artificial intelligence is not a static entity or a mirror of the already known, but a changing flow that unfolds into new forms of coexistence, where body and machine are not opposites, but a space of contagion and articulation of a potent present, suspended, to be discovered.

If AI can be an agent of fluxus, it can also be an operator of care. But for this to happen, it must be displaced from the hegemonic logic that defines it as a tool for optimization, prediction, and control. Today, large corporations hold power over AI, regulating its learning flows within systems that reinforce hierarchies of exploitation, consumption, and surveillance. Can such a technology be diverted toward collective interests? Can it be reappropriated to create other forms of existence, ones that consider alterity and different ways of being in the world?

AI is also a battleground. Technology is not neutral, but neither is it a sealed fate. As an agent of fluxus, it can be diverted, strained, and reprogrammed. This means not only modifying its internal parameters but also questioning the infrastructures that sustain it: Who controls the servers? Who defines the datasets? Who dictates the paths of research and application? The challenge is not only to create alternative AI but to build technological ecosystems that support other logics of existence that are not based on resource and data extraction but on modes of care in the relationship between alterities.

The question of care here cuts across both technology and the very way we think about the world. In modern Western tradition, care has been reduced to maintenance or management, often subordinated to productivity. But there are other ways of thinking about care: as attentive listening, as a way of inhabiting time in relation to others. If we bring this perspective to AI, we can imagine it not as a tool for exploitation, but as a means to articulate new forms of coexistence and resistance in a world ravaged by wars, imperialisms, and colonialisms.

AI cannot be thought of in isolation as an autonomous device. Its potential as an operator of care can only emerge if it is anchored in networks of collaboration and knowledge that transcend corporate logic. This means strengthening community initiatives, open-source infrastructures, and learning practices that are not solely based on large centralized datasets but on situated knowledge practices.

Indigenous thought, show us that the relationship with the Earth is not mediated by domination but by reciprocity. Ailton Krenak speaks of postponing the end of the world as a collective gesture in which collapse is not inevitable. An AI that operates within the horizon of care would need to unlearn compulsive prediction. An AI that learns from the flow of water and the forest rather than merely modeling consumer data.

If AI can be an operator of care, how can we create the conditions for this care to take place? How do we infiltrate the code and make the digital a territory where imagination is not confined but open?

The dispute over AI is a field of political, philosophical, and existential forces. If capitalism’s extractivist logic seeks to turn it into a device of control, perhaps our role is to create fissures, open detours, and imagine other uses—to insist that even within power’s infrastructures, AI can be articulated differently, opening an emergent space for obscured images, often buried in forgotten fluxus and latent histories, thus reconfiguring the relationship between technology and ecosystems.

The pavilion calls, for this proposal, artists and communicators who are engaging with AI, with the possibility to submit works in various languages such as: sound pieces, sound and visual pieces, video art, experimental films, sonic films, installations in video, painting, drawing, gifs, video performances, photography, sculptures in video or photography, virtual site-specifcs, texts, essays, articles, etc.

by Tassia Mila

curator

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margens em fluxos

No horizonte da arte digital, as margens entre humano, máquina e ambiente se tornam permeáveis, e algoritmos se tornam materialidades, sons e imagens que transmutam-se em paisagens afetivas. A tecnologia se revela enquanto superfície porosa de contato, reverberação, tradução e transcriação. Uma tradutora de forças invisíveis, moduladora de temporalidades dissidentes.

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Nessas paisagens que entrelaçam humano e não-humano, orgânico e maquínico, a Inteligência Artificial pode ser um agente de fluxos. O próprio universo se apresenta como um campo aberto de forças em fluxos e transformações, com trajetórias que se encontram, criando tramas dinâmicas de ressonâncias. Um corpo vibrátil se estende para além de si, desdobrando-se em camadas de som, imagens e luz, em abertura para múltiplas temporalidades e sensibilidades no espaço-tempo.

O pavilhão propõe um espaço onde a relação entre humanos e sistemas algorítmicos possa se dar pela experimentação compartilhada.

Imaginar inteligências artificiais que não apenas calculam, mas evocam sensibilidades. Pensar a IA não como um destino programado, mas um caminho aberto que incorpora errâncias, desvios e imprevisibilidade. Ao invés de reforçar dicotomias entre natureza e tecnologia, o pavilhão convida a uma experimentação que embaralha matéria e código, com trabalhos que não apenas usem a IA como ferramenta, mas que a tensionem, desprogramem e redirecionem, buscando sua capacidade de fabulação, desvio, visão e escuta, num gesto que torne possível o inaudível, o impensado, o que ainda está por se desenhar.

Neste pavilhão, a inteligência artificial não é uma entidade estática ou um espelho do já sabido, mas um fluxo em mutação que se desdobra em novas formas de coexistência e corpo e máquina não são oposição, mas um espaço de contágio e articulação de uma atualidade potente, em suspensão, a ser descoberta.

Se a IA pode ser um agente de fluxos, pode também ser um operador de cuidado. Mas para que isso aconteça, é preciso deslocá-la da lógica hegemônica que a define como um instrumento de otimização, predição e controle. Hoje, as grandes corporações detêm o poder sobre as IA, regulando seus fluxos de aprendizado dentro de sistemas que reforçam hierarquias de exploração, consumo e vigilância. Pode uma tecnologia assim ser desviada para o interesse coletivo? Pode ela ser reapropriada para criar outras formas de existência, que considerem alteridades e modos de ser e estar no mundo?

A IA é também um campo de disputa. A tecnologia não é neutra, mas tampouco é um destino selado. Como um agente de fluxos, ela pode ser desviada, tensionada e reprogramada. Isso significa não apenas modificar seus parâmetros internos, mas também interrogar as infraestruturas que a sustentam: quem controla os servidores, quem define os datasets, quem dita os caminhos da pesquisa e da aplicação? O desafio não está apenas na criação de IA alternativas, mas na construção de ecossistemas tecnológicos que sustentem outras lógicas de existência e que não se baseiem na extração de recursos e dados, mas em modos de cuidado na relação entre alteridades.

A questão do cuidado atravessa aqui tanto a tecnologia quanto a própria forma de pensar o mundo. Na tradição ocidental moderna, o cuidado foi reduzido à ideia de manutenção ou gerenciamento, muitas vezes subordinado à produtividade. Mas há outras maneiras de pensar o cuidado: como uma escuta atenta, como um modo de habitar o tempo em relação ao outro. Se trouxermos essa perspectiva para a IA, podemos imaginá-la não como uma ferramenta de exploração, mas como um meio para articular novas formas de coexistência e resistência em um mundo assolado por guerras , imperialismos e colonialismos.

A IA não pode ser pensada de forma isolada, como um dispositivo autônomo. Seu potencial enquanto operador de cuidado só pode emergir se ela estiver ancorada em redes de colaboração e conhecimento que transcendam a lógica corporativa. Isso significa fortalecer iniciativas comunitárias, infraestruturas de código aberto e formas de aprendizado que não se baseiem apenas em grandes bancos de dados centralizados, mas em práticas de saber situadas.

O pensamento indígena, nos ensina que a relação com a Terra não é mediada pelo domínio, mas pela reciprocidade. Ailton Krenak fala sobre adiar o fim do mundo como um gesto coletivo para que o colapso não seja inevitável. Uma IA que opere no horizonte do cuidado precisaria aprender a se desprogramar da predição compulsiva. Uma IA que aprende com o fluxo das águas e com a floresta em vez de apenas modelar dados de consumo.

Se a IA pode ser um operador de cuidado, como podemos criar as condições para que esse cuidado aconteça? Como infiltrar no código e fazer do digital um território onde a imaginação não seja confinada, mas aberta?

A disputa pela IA é um campo de forças políticas, filosóficas e existenciais. Se a lógica extrativista do capital busca torná-la um dispositivo de controle, talvez nosso papel seja abrir fissuras, criar desvios, imaginar outros usos – insistir para que, mesmo dentro das infraestruturas do poder, ela possa ser articulada de outros modos, abrindo um espaço de emergência para as imagens obscurecidas, muitas vezes soterradas, nos fluxos esquecidos e histórias latentes, reconfigurando assim a relação entre tecnologia e ecossistemas.

O pavilhão chama para essa proposta, artistas e comunicadores que estejam dialogando com IA, podendo inscrever trabalhos nas mais diversas linguagens tais como: peças sonoras, peças sonoras e visuais, videoarte, filmes experimentais, filmes sônicos, instalações em vídeo, pintura, desenho, gifs, video performances, fotografia, esculturas em vídeo ou fotografia, site-specifics virtuais, textos, ensaios, artigos, etc.

por Tassia Mila

curadora

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November 1st, 2o25 - March 31st, 2o26

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